Lopes, no rio Deschutes, em Oregon (EUA): "Qualquer um consegue", diz
Lenda do surfe, Gerry Lopez agora desliza em rio tranquilo com prancha stand-up Aos 61 anos, "Mr Pipeline" leva esporte a lugares improváveis
A quatro horas do pico de surfe mais próximo, 1.200 metros acima do nível do mar e quatro décadas distante dos dias em que era conhecido como Mr. Pipeline por desafiar com habilidade inigualável uma das ondas mais temidas do mundo, o americano Gerry Lopez carrega uma prancha por entre pinheiros a caminho do rio Deschutes, em Oregon (EUA).
Ele pode ter feito nome e fama na costa norte da ilha do Oahu, no Havaí (EUA) – e em Hollywood, onde apareceu em filmes cult como “Conan, o Bárbaro”, com Arnold Schwarzenegger –, mas a vida de Lopez tomou um rumo totalmente diferente nos últimos 15 anos.
Agora ele mora com a mulher, Toni, e o filho, Alex, numa bela casa próxima ao rio, na região do Monte Bachelor, onde a neve resiste no cume durante o verão. Suas manhãs começam com ioga, depois ele dirige até uma loja local onde faz pranchas personalizadas, carreira que começou nos dias de Havaí. E em momentos de folga, Lopez, 61, curte deslizar pelo rio esverdeado numa prancha de stand-up paddle – talvez a mais sossegada experiência de surfe já registrada, mostrando que esse tipo de prancha levou o esporte a lugares e pessoas improváveis.
“Já foram feitos muitos esportes aquáticos a remo por aqui – caiaque, rafting”, conta Lopez, que começou a praticar stand-up há alguns anos em lagos próximos a sua casa. “Stand-up é diferente de surfar. Tudo que você precisa é de água. Não precisa de ondas”, diz. E não precisa de muita experiência, também. “Com um mínimo de habilidade, qualquer um pode subir numa prancha e dizer ‘nossa, eu consigo’, e começar a remar e cruzar mais de um quilômetro sem nem perceber”, conta.
Ele provavelmente vai se aposentar do ofício de fazer pranchas em alguns anos. Enquanto isso, “surfa” a nova “onda” do stand-up, uma moda que pegou na região do rio Deschutes. E alguns caras em Lake Tahoe, no rio Mississipi e nos Grandes Lagos também se deram conta disso. Três revistas já cobrem o esporte nos EUA. E a Action Sports Retailer, uma feira que rola em San Diego, Califórnia (EUA), promoveu uma demonstração de stand-up este ano – numa lagoa, não no mar.
Lopez sempre esteve à frente dos demais no mundo no surfe. Nos anos 70, fazia pranchas que levavam um raio desenhado no bico e ajudaram a moldar o surfe competitivo – e a era dos patrocínios. Depois, apoiou o windsurfe, o tow-in em ondas gigantes (praticado com ajuda de jet ski) e o snowboard, esporte que o levou a mudar-se para o Oregon com a família, em 1995.
Quando o surfe está bom, Lopez ainda dirige até o litoral. Há alguns meses, cortou o braço surfando de stand-up numa praia, levou oito pontos e teve de manter-se sem se molhar por um tempo. Isso o impedia de surfar, mas não de deslizar pelo rio tranquilo. Foi o que ele continuou fazendo. “É totalmente diferente”, diz. “Sou velho agora”.
Fonte: New York Times
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